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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Tecnologia

Os alunos das oitavas séries trabalharam, na semana passada, com uma parte do texto sobre "tecnologia", publicado na revista Carta na Escola, de outubro de 2007. Segue o link para quem quiser ler toda a reportagem:

As alunas Camila Schneider e Suellen Andressa, da 8a. série S-V, da Escola Paul Harris escreveram o seguinte comentário:

"O texto é legal e interessante. Fala da invenção de aparelhos úteis e muito usados. A tecnologia podia inventar algo que falta em nossa vida e não existe, como uma prancha que alise e ao mesmo tempo pinte o cabelo. As mulheres iriam adorar."

Com certeza meninas! Faria o maior sucesso! E fica até a sugestão: quem sabe vocês duas não sejam grandes cientistas e levem essa idéia a diante? A profe adorou!
Acabei lembrando de uma crônica do Moacyr Scliar que se encaixa em nosso assunto. Segue abaixo.

Conversa com a cafeteira

No começo foi muito fácil, inclusive porque o anúncio tinha fundamento científico; tanta coisa funciona sob o comando da voz, por que não poderia uma cafeteira fazê-lo? E a verdade é que esteve quase a ponto de consegui-lo: tinha montado todas as peças do invento segundo um esquema minuciosamente planejado e que forçosamente teria de funcionar. Mas não funcionou, e ele, que já tinha falado do invento para todos os amigos e parentes, se viu diante de um dilema: admitir o fracasso ou bolar uma história.
Preferiu bolar uma história: anunciou que tudo tinha dado certo e que a cafeteira funcionava perfeitamente sob o comando de sua voz:
- Eu ordeno: "Ferva!", e ela ferve o café. "Sirva-me!", serve-me. "Mais fraco!", e ela faz o café mais fraco. "mais forte!", faz mais forte. "Mais doce!", ela automaticamente adiciona mais açúcar. E fala, também. Diz: "Às suas ordens, senhor"e outras coisas.
Ninguém duvidava: todos ouviam maravilhados. E sucediam-se os convites para entrevistas em rádios, em jornais, na televisão. A imaginação dele voava cada vez mais alto: anunciou que tinha sido escolhido como o "estudante do século" pela Fundação Motorola e que recebera uma bolsa de estudos para o Japão.
Finalmente. tudo foi descoberto. Ainda tentou escapar ao vexame, contando que a máfia japonesa lhe havia roubado o segredo do invento, mas os jornalistas foram checar a história e verificaram que era mentira.Desesperado, ele não quis mais sair à rua: temia a gozação generalizada. Sugerilham-lhe passar uns tempos numa clínica.
Ele foi. Quando entrou no pequeno aposento que lhe fora destinado, a primeira coisa que viu, sobre a mesa, foi a sua cefeteira. Alguém a tinha colocado ali, mas por quê? Antes que pudesse perguntar, ouviu uma voz:
- Bem-vindo. eu estava à sua espera.
Era a cafeteira.
- Mas então você fala! - disse ele, espantado.
- Claro que falo - retrucou a cafeteira. - Você não me programou para isso? Vamos falar, sim. E falar muito. Precisamos trocar idéias.
Ele pensou em sair correndo, gritando, ela fala, gente, a minha cafeteira fala. Mas conteve-se. Quem acreditaria nele agora? Sentou-se, pois, resignado. E preparou-se para uma longa conversa.

Claro que com nossas meninas não aconteceria o mesmo! Mas vale, sempre, como leitura. E o Moacyr Scliar é um escritor fantástico! Bjos!

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